ENTREVISTA COM RUI VIEIRA ( BATERIA DA SFRUA )

                                                    





     ENTREVISTA  COM RUI VIEIRA ( Bateria da SFRUA)- Alhos Vedros.



Nome e idade ? –
Rui Vieira, 41 Anos



Como começou o projecto da bateria da SFRUA em Alhos Vedros ? –
A bateria da SFRUA pela 1ª vez fez parte do nosso corso carnavalesco em 2005 com outras pessoas embora não fosse a sua prioridade que a bateria fosse apenas uma bateria de samba, a partir de 2008 a direção decidiu mudar os responsáveis pela bateria e apostar na vertente do samba tendo convidado o meu pai a chamar pessoas ligadas ao samba para iniciar o projeto ao qual aderi prontamente tendo depois ficado como um dos responsáveis pela bateria até hoje.



Como e quando começou esta tua historia com o samba e qual o teu trajecto? –
Bem, o meu Pai sempre foi um amante de música brasileira e por isso era frequente na nossa aparelhagem tocar Beth Carvalho, Alcione, Martinho da Vila entre outros e por isso desde muito novo que o samba fez parte da minha vida.
Mais tarde o meu Pai esteve envolvido na organização dos primeiros corsos de carnaval de Alhos Vedros e na altura não havia bateria, o corso era alimentado musicalmente através de cd’s e a música difundida para o corso através de um emissor de rádio e de vários recetores que estavam colocados em cada carro alegórico e o meu pai incumbiu-me da tarefa de a partir de uma cabine de som por os cds a tocar para que não houvesse quebras, no fundo mais papel de Dj. E durante alguns anos essa foi a minha função no Corso de Carnaval de Alhos Vedros.



Quais as maiores dificuldades sentidas pela vossa Escola ? –
São várias, mas talvez a principal seja a falta de pessoal para ajudar na concepção do corso de carnaval e claro está as dificuldades financeiras que neste momento todas as escolas enfrentam.



Que apoios tem para suportar os custos do material e trabalhos para o Carnaval ? –
Temos os apoios da Câmara Municipal da Moita e da Junta de Freguesia de Alhos Vedros que desde o primeiro corso tem ajudado a SFRUA e algum dinheiro que fazemos com iniciativas e angariações de fundos e publicidade.



Quais o(s) mestre(s)- directores de Bateria que admiras e te servem de exemplo ? –
Em Portugal as primeiras pessoas que nos deram as bases para podermos iniciar a bateria e que me mais influenciaram foram o Reinaldo Nunes de Sesimbra e o diretor de bateria do GRES Bota no Rego de Sesimbra Ricardo Alves “Chora”.
No Brasil tenho uma profunda admiração pelo trabalho do Mestre Ciça atualmente no GRES União da Ilha do Governador do Rio de Janeiro.



Teu instrumento preferido numa escola e por quê ? –

Talvez o tamborim, não só por ser o instrumento que toco na bateria, mas porque é um instrumento que nos permite uma certa liberdade de criar toques e variações de ritmos e isso motiva-me bastante.



Quais as caracteristicas que admiras numa bateria ? –
A cadência, a definição de todos os instrumentos, ou seja, conseguir ouvir distintamente tudo o que cada instrumento está a tocar e as paradinhas desde que não sejam muito longas.



Como esta o actual momento do Carnaval em Alhos Vedros ? –
Neste momento vai bem, já estamos a organizar o corso de 2017 e contamos que o corso 2017 seja ainda melhor que o corso de 2016. Gostaríamos de ter mais pessoas envolvidas na organização do corso mas felizmente que as que estão envolvidas são pessoas que se dedicam de corpo e alma.

VEJA VIDEOS SOBRE O CARNAVAL DE ALHOS VEDROS: Carnaval de Alhos Vedros 2016
Como esta o momento actual da bateria da SFRUA ?
Neste momento estamos numa fase de renovação uma vez que saíram alguns membros que já estavam na bateria há algum tempo e estamos num processo de integração de novos membros o que nos têm criado algumas dificuldades na consistência no andamento e cadência da bateria, no entanto não viramos a cara perante as dificuldades e em breve com muito ensaio, dedicação e humildade de certeza que estaremos melhor.




Elementos novos a entrarem ? –
Sim felizmente entraram alguns membros novos e estamos a integra-los a pouco e pouco.



Que progressos tens verificado na escola ? –
Essencialmente a nível da organização e concepção do corso de carnaval tem havido melhorias substanciais.



Como ves o actual momento do Carnaval em Portugal relativamente as escolas de samba? –
Infelizmente vejo as escolas a lutarem arduamente para terem financiamento para fazerem os seus carnavais e os apoios a serem cada vez menores devidos á crise que atravessamos. Gostava também que houvesse um maior intercâmbio entre as escolas do Norte do país e as do Sul, acho que todos ganharíamos com isso.



A nivel de baterias como vês o actual momento das escolas de samba em Portugal ? –

Penso que existem baterias com muita qualidade e que já atingiram um patamar elevado, mas como disse anteriormente, o intercâmbio entre escolas é fundamental para ajudar na evolução das baterias em Portugal, principalmente para as baterias que surgiram há pouco tempo como nós por exemplo. Se não fosse a saudável relação que temos com varias escolas nomeadamente de Sesimbra e da Quinta do Conde não poderíamos ter evoluído.



E a nivel nacional qual a tua opinião sobre as baterias que estão mais evoluidas ? –
Aqui no sul talvez O GRES Bota no Rego e o GRES Trepa no Coqueiro de Sesimbra e no Norte acho que o GRES Costa de Prata foi aquela que mais impressionou.




Que projectos futuros para a bateria da SFRUA ? –
Tentar consolidar o que já aprendemos e evoluir sempre mais e se possível tentar ampliar o nosso grupo., arranjar um cavaquista que toque exclusivamente para a nossa escola para que possamos tocar o samba ao vivo no corso de Alhos Vedros e tentar formar um grupo de roda de Samba. Temos tido muita dificuldade em encontrar alguém que toque cavaquinho e que não esteja comprometido com alguma escola.



O que achas mais necessario para melhorar o samba no nosso país e a actividade das escolas de samba ? –
Principalmente as escolas terem mais apoios e as pessoas terem a noção do trabalho que é preciso fazer para por o corso na rua.
São muitas horas de dedicação, de privação da nossa vida familiar e penso que a população não têm dado muito valor ao esforço enorme que as pessoas fazem para por cerca 400 pessoas na rua todos os anos e tudo o que isso envolve e fazer as pessoas entenderem que a atividade do carnaval não se esgota na altura do corso e que dura durante todo o ano.



Quais os seus momentos mais felizes no samba ?
Sempre que atuamos e vemos que o nosso trabalho está a dar frutos e quando a SFRUA põe o desfile na rua depois de meses e meses de trabalho árduo é uma alegria e um orgulho imenso.



E os menos felizes?
Quando não conseguimos alguns dos objetivos a que nos propomos e quando oiço as pessoas criticarem o corso de carnaval da SFRUA sem terem a mínima noção do esforço e da dificuldade que as pessoas fazem para por o corso na rua ano após ano.



Obrigado por esta pequena sobre samba. Felicidades para ti e para a Bateria da SFRUA.