ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DO GRES NOVO IMPERIO


ENTREVISTA COM O PRESIDENTE DA MAIS NOVA ESCOLA DE SAMBA DO PAÍS ( GRES NOVO IMPERIO da FIGUEIRA da FOZ ) JOSÉ GOUVEIA.

Começo por agradecer a disponibilidade para esta pequena entrevista (conversa de samba ).
1- Como foi o inicio destas andanças pelo samba ?

Em nome da GRES Novo Império, pela voz do seu Presidente, o nosso muito obrigado por nos conceder esta entrevista. Parabéns para o teu blogue que ocupa lugar de destaque no panorama nacional do samba.

– Comecei a desfilar em 1982 e 1983, nos Carnavais de Buarcos (Figueira da Foz), com instrumentos improvisados e a bateria de Eugénio Martins totalmente desmontada, na qual a pessoa em questão já nos incutia o gosto pelo samba, sim porque carnaval é folia mas acima de tudo é samba, o bichinho ficou
A 23 de Junho de 2002 fui convidado por Eugénio Martins para fazer parte da Associação Unidos do Mato Grosso.

2- Qual o seu trajecto como sambista ?
– Fiz parte da bateria dos Unidos do Mato Grosso, tocando surdo de contra, aliás o meu instrumento de eleição, durante 6 anos e meio e Presidente da Associação até Abril de 2005, com retorno em Abril de 2008 e saída em Setembro de 2008.


3- Que significa para si ser presidente de uma escola de samba ?
– Respeito, responsabilidade, dedicação e muito trabalho.


4- Como e porque nasceu a Escola de Samba Novo Imperio?
– A GRES Novo Império foi criada através de um grupo de pessoas que por várias razões estavam afastadas das duas escolas residentes e porque como gostam de samba, após várias reuniões, acharam que estavam reunidas as condições para o nascer de uma terceira escola na Figueira da Foz. Meteram “mãos à obra” e a verdade é que prepararam o Carnaval de 2009 apenas em 2 meses, com 102 participantes no desfile


5- Como foi esse arranque como escola de samba ? Memórias ( que são recentes ) desses primeiros passos ?
– Depois de criado o espaço para a confecção das fantasias e área para os ensaios, chegou a parte do recrutamento, pois porque é bom que se note que dessas 102 pessoas 40% já tinha noções do que era uma escola de samba, os restantes 60% partiram do zero. Foi complicado mas valeu a pena porque nos apresentámos com bastante dignidade e acima de tudo deixámos no ar uma grande expectativa de agrado.


6- Como analisa o Carnaval actual da Figueira da Foz ?
– Penso que reúne as melhores infra-estruturas a nível nacional, mas retirando as escolas de samba, é fraco em virtude de os grupos não terem grande qualidade.


7- Que alterações e melhorias desejava que acontecessem no Carnaval da Figueira ?
– Um maior grau de exigência aos grupos participantes, um apoio total no que se refere às escolas de samba e à existência de um concurso entre elas e com bom agrado veria surgir um terceiro desfile de carnaval, de preferência nocturno. Penso que as entidades neste momento já começam a ficar sensibilizadas para o efeito, esperemos que se concretize.


8- Quais as maiores dificuldades sentidas para uma escola ainda a dar os primeiros passos ?
– A maior dificuldade da Novo Império, ainda neste momento, reside, acima de tudo, num trabalho de formação. Conseguir incutir em grande parte dos sócios que uma escola de samba não é só para o Carnaval, existe vida da escola durante todo o ano e a importância destas pessoas estarem presentes e conviverem em meios sambistas.


9- Que projectos e ambições futuras para o Novo Imperio ?
– Ambição de melhorarmos a cada dia que passa, que seja reconhecido o nosso trabalho e não de defraudar quem nos ajuda, convida e apoia.
Projectos existem muitos, mas um de cada vez. Ainda somos muito novos e acima de tudo temos que ter os pés bem assentes na terra. Neste momento, termos um espaço como sede já é bom e a afirmação como escola de samba no meio são as coisas mais importantes


10- Como correu o Carnaval este ano ?
– Já tínhamos alguma responsabilidade e as expectativas eram boas, mas com o passar dos meses e a aproximação do carnaval tivemos muitos percalços e aliado a tudo isto o mau tempo só piorou as coisas.
No meu entender, penso que temos de repensar o que foi mau para não cairmos nos mesmos erros. Valeu pelo empenho de todos os sócios, pena é o prejuízo com que ficámos.


11- Como vê a evolução das escolas de samba em Portugal?
– Acho que estão no bom caminho, pelo que me foi dado a ver longo do ano de 2009, em eventos como, o Troféu de Estarreja, o Carnaval de Verão da Figueira da Foz, os festivais da Mealhada e Estarreja, muito trabalho e qualidade


12- Para si quais as escolas que mais tem evoluido em Portugal no geral de todos os quesitos?
– Penso que a evolução é geral em todas as escolas, hoje em dia existem evoluções e condições que não existiam em anos anteriores. Mas não deixo de estar atento e como tal penso que a escola que mais evoluiu em todos os quesitos, dada a data da sua fundação (2002) foi os Unidos do Mato Grosso. A Vai Quem Quer foi-nos habituando ao que há de bom em Portugal sem grandes oscilações, e a Charanguinha, com a sua bateria sempre em alto nível, mas no que se refere a outros quesitos já existe maiores oscilações que o normal.
Peço desculpa a todas as outras congéneres, mas estas são as que acompanho mais de perto.


13- A nivel nacional que mudanças ou evoluções gostaria de ver acontecer para melhorar o nivel das escolas de samba ?
– Sou a favor de uma Liga Nacional. Gostaria que existisse mais encontros e cooperação entre as escolas.


14- Concorda com os moldes em que é realizado e disputado ( quesitos que estão a concurso ) o Encontro Nacional em Estarreja ?
– Há melhorias que têm de ser feitas. No que respeita aos quesitos eles estão no regulamento, agora a maneira ou processo em que eles são avaliados (júri) tem algumas reticências. O critério de escolha das escolas convidadas onde não existe concurso, refiro-me à Figueira da Foz e Sesimbra, exemplo: 2008 Bota no Rego vice-campeã, 2008 Unidos do Mato Grosso 3º lugar, 2009 Bota no rego não é convidada, 2009 Unidos do Mato Grosso vice-campeã…isto demonstra que não existiu ao longo destes dois anos a defesa do lugar que eu penso que era importante. Acho que se deveria ter acautelado este pormenor. Penso que os dois primeiros classificados de cada ano teriam de ter sempre acesso garantido para a defesa da classificação, de ano para ano. E assim já existiria alguma justiça. Deste modo, vamos correr o risco de disputar o 3º Troféu sem a bi-campeã nacional.
Muito obrigado e muitas felicidades para o GRES Novo Imperio.