ENTREVISTA COM LILIANA (Lili )


ENTREVISTA COM LILIANA MARIA VALENTE DIAS ( LILI )

MADRINHA DE BATERIA do TREPA COQUEIRO de ESTARREJA


- Qual a tua idade e profissão?

Tenho 25 anos. Sou Técnica Superior de Educação e estou a trabalhar na área da Educação e Formação de Adultos.


- Como foi o inicio dessa paixão pelo samba e em particular por escolas de samba?

Sempre tive influências familiares no Mundo do Samba que talvez me fizeram “olhar” de forma diferente para esta realidade. Desde pequenina que acompanhei o percurso de algumas pessoas que me eram próximas e isso fez crescer dentro de mim esta paixão. Lembro-me de ver os desfiles das Escolas de Samba em Estarreja com grande euforia e a cada ano que passava a vontade de desfilar era cada vez maior! Foi em 1998 que dei o grande passo e entrei para o Trepa! Foi sem dúvida a escola de samba com a qual sempre me identifiquei! Pelas pessoas, pela união, pelo companheirismo e pela alegria e euforia com que sempre viveram e vivem o Carnaval!


- Qual o teu trajecto como sambista até chegares a madrinha de bateria?

Iniciei o meu trajecto como sambista em 1998, ano em que entrei no Trepa. Fiz o meu primeiro desfile como passista em 1999 e continuei o mesmo percurso no ano seguinte. Em 2001, desfilei pela primeira vez como destaque de chão. Em 2002, desfilei como destaque de carro e iniciei a actividade que provavelmente me fez amadurecer no samba: Ser ensaiadora. Ao lado da minha companheira e amiga Raquel, iniciei uma trajectória que me fez desenvolver e enriquecer todo este percurso. Em 2003, fui pela primeira vez eleita madrinha de bateria, mas tinha ainda muito para amadurecer no Samba. Nos anos seguintes continuei a desfilar como destaque de chão, o que me proporcionou desenvolver um pouco o meu samba, a minha postura, os meus movimentos etc. O papel de ensaiadora, que desempenho desde 2002 foi sem dúvida uma forma de amadurecimento extraordinário e que me proporcionou muitas oportunidades de aprendizagem!



- Á quantos anos és madrinha na TREPA COQUEIRO de ESTARREJA?

Desde 2007 (embora tenha sido madrinha de bateria também em 2003).


-Que mais te agrada ver em uma madrinha de bateria?

O que mais me agrada ver numa madrinha de bateria é a elegância, a sensualidade, a simpatia, o carisma, a humildade e a forma como interage com o púbico e o faz vibrar com a bateria. A interacção com a bateria é essencial e nesse aspecto aproveito para agradecer o excelente apoio que tenho sentido ao longo destes anos por parte dos elementos que a compõem!


- Qual frequência ou média de ensaios que realizas com (ou sem) a bateria?

Neste momento, a escola de samba ensaia 3 vezes por semana e é esse o número de ensaios que faço.


- Como tens visto a evolução das escolas de samba em Estarreja?

Relativamente à evolução das Escolas de Samba em Estarreja, julgo que o progresso na última década foi notório. Ao longo dos anos verificou-se um maior empenho e dedicação nos enredos, no que diz respeito à criação e execução das fantasias, nos sambas, na bateria, na execução de coreografias etc. O nível das escolas de Samba em Estarreja tem suscitado um maior sentido de competitividade (competitividade saudável, espero) que sem dúvida influencia esta evolução sentida nos últimos anos. Embora acompanhe a evolução das outras escolas, gostaria de felicitar todos aqueles que contribuem para a evolução do Trepa, que ao longo dos anos procura ser fiel ao seu enredo primando pela originalidade. Gostava de felicitar em primeiro lugar o Camões por ter impulsionado a originalidade dos sambas em Estarreja. Em segundo lugar, gostaria de salientar a evolução que se sentiu ao nível da Comissão de Frente, felicitar todas as pessoas que conseguiram atingir um nível extraordinário de desempenho e valorizar todo o trabalho por elas desenvolvido. Finalmente, é de salientar o trabalho desenvolvido por todas aquelas pessoas que se dedicam a 100% na concretização/elaboração do enredo e que se entregam de corpo e alma para que possamos desfilar no Carnaval de Estarreja ao nível que temos habituado o nosso público.


- Momentos mais felizes no samba até hoje?

São tantos… Acho que poderia escrever um livro! Mas sem dúvida que ao longo destes anos aquilo que retiro de mais importante é o facto de ter conhecido pessoas extraordinárias e que fizeram dos momentos da minha vida momentos mais felizes! O empenho, a alegria e o companheirismo entre os elementos da escola é extraordinário!


- E os momentos mais difíceis, menos felizes?

Felizmente, posso dizer que os momentos felizes conseguem superar todos aqueles que foram menos bons!


- Como tens visto a evolução em toda a sua estrutura das escolas de samba em Portugal?


Penso que à semelhança do que acontece em Estarreja, a nível nacional a evolução também é notória. Algumas escolas destacam-se um pouco mais nesse sentido, outras menos, mas julgo que de uma forma generalizada a evolução sente-se em toda a estrutura nacional.


- E a nível de dança como tens visto essa evolução?

Na dança, sem dúvida que a evolução tem sido também extraordinária. Mas falando especificamente do samba, julgo que há uns anos atrás (pelo menos é esta a ideia que tenho), a grande preocupação era trabalhar o samba no pé. Neste momento, já não se trata apenas de samba no pé, mas também existe uma grande preocupação com a coordenação e libertação de movimentos, com a postura, com a sensualidade, com a alegria, interacção com o público etc. Sou da opinião que neste momento existe uma maior sensibilidade neste sentido.


- Quais as madrinhas de bateria que mais admiras?

Cada madrinha de bateria distingue-se de todas as outras pela sua própria individualidade! Todas terão características que com certeza as distinguem de todas as outras e são essas características que as fazem destacar-se! Acho que isto é o que efectivamente deve ser valorizado! Isto tudo para dizer, que existirão aspectos que aprecio bastante em muitas madrinhas de bateria e todas elas têm sem dúvida o seu valor! Por isso mesmo, julgo que de todas elas podemos retirar um pouco de aprendizagem, mas sou da opinião que devo construir a minha individualidade no samba, viver cada batida um pouco à minha maneira e por isso posso dizer que não tenho nenhuma madrinha de bateria como referência para mim. Procuro ser eu própria.


-Que mudanças ou evoluções desejavas que acontecessem com o Carnaval de Estarreja e em particular com o desfile das escolas de samba?


No que diz respeito ao Carnaval de Estarreja, julgo que há algumas questões que poderiam ser melhoradas. Falo essencialmente, do apoio financeiro às Escolas de Samba, talvez uma maior aposta na divulgação do nosso Carnaval e a questão dos júris (também já referida na entrevista realizada ao Camões) que muitas vezes não sabem justificar as pontuações atribuídas pelo desconhecimento total das sinopses. Relativamente ao percurso do desfile, apesar das alterações já realizadas, julgo que a grande afluência de público exige cada vez mais que se comece a pensar seriamente num percurso ajustado e que permita à população assistir ao espectáculo de uma melhor forma, sem grandes amontoados de pessoas que impossibilitam que se aprecie com qualidade todo o espectáculo.





- Que gostarias de ver acontecer com o samba em Portugal e em particular com as escolas de samba?


A nível Nacional, julgo que seria importante criar iniciativas que promovessem a divulgação das Escolas de Samba e as diversas actividades realizadas anualmente pelas diversas colectividades. Aproveito para felicitar a criação deste blog que permite que as fronteiras se esbatam progressivamente e que a informação circule livremente à distância de um clique. Neste mundo globalizado, em que somos bombardeados constantemente com informação, julgo que a aposta na difusão da informação acerca do Samba em Portugal é essencial e deveriam ser criadas mais iniciativas deste género. A troca de experiências, de opiniões e de informações são sem dúvida formas de crescimento, de desenvolvimento e principalmente de aproximação. O Encontro Nacional de Escolas de samba poderá ser também uma grande aposta. Recordo-me que no ano 2000 houve uma iniciativa deste género em Lisboa (Parque das Nações) e infelizmente não se repetiu.


- Mais em particular que desejos para o Carnaval 2010 do TREPA?


Os desejos para 2010 são que o Carnaval de Estarreja seja mais uma vez um sucesso e que todos os elementos que estão directa ou indirectamente envolvidos aproveitem ao máximo e vivam a verdadeira essência do Carnaval sem rivalidades. Espero também que a mancha verde e rosa mais uma vez faça colorir as ruas da Cidade de Estarreja com a sua euforia e que a escola brilhe mais uma vez na avenida lutando com determinação e garra pelo título de Campeão!


Muito obrigada pelo convite que me foi dirigido para realizar esta entrevista! Felicidades e muito sucesso com o blog!

Obrigado eu e muitas felicidades para o Carnaval 2010