
Como foi o inicio destas andanças pelo samba?
Desde a Escola Primária que participo em actividades de carnaval a exemplo do Carnaval da Criança, que se fazia antigamente. No princípio, eu ouvia e via grupos ligados ao samba, mas só mais recentemente é que me liguei a esse mundo.
Qual o seu trajecto como sambista?
O meu trajecto no samba começou por volta de 1993 na Escola de Samba Batuque, através do meu amigo Carlos Vaz que me convidou a participar. Tocava tamborim. No ano seguinte transitei para a Escola de Samba Juventude de Paquetá, sendo também membro da bateria tocando surdo de marcação. Isto aconteceu nos anos de 94 e 95. Durante o ano de 1996 não participei mas acabei por ingressar nos Sócios da Mangueira pela mão do meu amigo e fundador da escola, João de Oliveira. Também como membro da bateria, aí participei até ao ano de 2006. Para além disso assumi cargos de gestão e hoje sou presidente da instituição.
Que significa para si ser presidente de uma escola de samba?
Ser Presidente significa, acima de tudo, honra, pois para o ser existiu e existe um grande leque de pessoas que acreditou e acredita em mim. Depois a dedicação, a disponibilidade, a responsabilidade, juntam-se ao meu orgulho de representar esta Associação Cultural, sociedade Mangueirense e o seu GSSM, Grupo de Samba Sócios da Mangueira.
Como analisa o Carnaval actual na Mealhada?
Considero que o Carnaval da Mealhada é, em Portugal, o que mais se aproxima do carnaval brasileiro, isto é, da ideia de desfile em avenida de escolas de samba. No entanto acho que não chega a ser completo na medida em que lhe faltam participações de outrora, da festividade do entrudo, com grupos de crítica, de piada, cénicos, de fantasia para se aproximar de uma festa carnavalesca mais genuína.
Foi bom para a Mealhada ter começado a haver concurso?
Sem dúvida alguma, e acima de tudo porque o concurso, com os quesitos que tem, obriga as escolas de samba a trabalharem ala por ala, por parcela, cuidando da relação para com o todo, o que é bastante exigente. Aumenta a auto-crítica abrindo caminho para a melhoria constante. Penso, no entanto, que deveria ser muito mais cuidada a organização do evento, mais criativa, ma
is responsável, para evitar que o trabalho de 5 meses de confecção por parte das escolas não seja defraudado em 5 horas de análise por parte de certos jurados ignorantes, tendenciosos, ou até incultos, sem preparação adequada e atempada para aferirem o que quer que seja. Para uma coisa ser séria não basta parecer, tem mesmo que ser. O concurso é uma mais-valia mas falta-lhe organização sábia, responsável e participada pelas escolas de samba.
Como são vistas e encaradas as rivalidades existentes entre as escolas na Mealhada?
As rivalidades são normais, como em qualquer outro carnaval onde haja concurso. O que não é normal é a falta de palavra de certas pessoas que, quando reunidas com todas as escolas de samba assumem um compromisso normativo, em conjunto, mas mais tarde, devido a pressões exteriores e razões alheias ao que havia sido decidido, dão o dito por não dito. Acaba a rivalidade e passa a haver uma disputa, com base em concorrência desleal, já que tiram partido dessa nova situação. Desvirtua-se o que nos podia unir, o brilho honesto da festa do samba, onde deveríamos ser apenas adversários. As relações entre todos, fora as quesílias, são óptimas, mas durante este período, de dias, a baixeza aparece, com desculpas e justificações que não honram quem as diz.
Que alterações e melhorias desejava que acontecessem no vosso Carnaval?
A começar pelo que já referi, deveriam existir mais grupos e diversificados, uma maior valorização das escolas de samba, menos importância nos carros alegóricos (menos despesa)... Apoiar mais as escolas, permite melhorar a qualidade que se espalha ao longo do ano de forma publicitária, enquanto as viaturas duram apenas as 4 horas de corso e morrem no dia seguinte. Os subsídios também deviam ser revistos, já que penso não ser correcto atribuir os mesmos valores a cada escola, porque umas investem mais na qualidade (mais custo), enquanto outras facilitam na poupança, reflectindo menor explendor na avenida. Parece-me injusto para quem se esforça por melhorar de ano para ano. Mas isso são outros quinhentos a estudar!
Quais as maiores dificuldades sentidas pela sua escola de samba ou em geral pelas escolas da Mealhada?
No geral é a escassa verba, o problema maior de todas as escolas. O espírito associativo das escolas da Mealhada difere e muito do que vejo por exemplo em Ovar e Estarreja onde a quota individual de participação é aplicada. Se só pudessem participar associados das escolas, com pagamento de uma quota, ajudaria imenso no investimento carnavalesco. Nos Sócios da Mangueira há uma mentalidade que a meu ver pode ser mudada, mas tem que ser devagar, pois falamos de um historial de 32 anos.
Que projectos e ambições futuras para os Sócios da Mangueira?
A ambição que tenho é, precisamente, mudar essa mentalidade. A segunda é construir uma sede ou adquirí-la para poder ter a liberdade de retirar dela mais organização e mais usofruto do que na actual, que diga-se de passagem está quase perfeita para nós.
Como correu o Carnaval este ano?

Se falarmos, e mais uma vez, do aspecto organizativo do evento, especificamente, do desfile, tenho que declarar que correu mal. Aconteceram situações de incapacidade por parte de uma escola em se apresentar a tempo e horas devidamente fantasiada o que veio complicar todo o esquema pré-estabelecido. Foi mau para o público que esperou e desesperou, mau para os jurados que viram tardiamente, quase de noite o desfile das últimas escolas, dificultado a sua análise e pontuação. Acima de tudo este facto gerou uma desconfiança total em cima de quem estava a dirigir o evento. Salvaguardou-se, no entanto, a belíssima, organizada e sempre alegre participação dos Sócios da Mangueira, que acabaram por se sagrar no Concurso de 2010, apesar dos obstáculos encontrados, tri-campeões do Carnaval da Mealhada.
Como vê a evolução das escolas de samba em Portugal?
Se olhar para o que fazemos, nós sócios, e para o que vemos ser feito pelas escolas com quem temos camaradagem salutarmente competitiva, parece-me que honramos, todos nós, o samba, o samba de enredo e a própria folia carnavalesca, pagodeira. Assim sendo acho que as escolas têm evoluído razoavelmente, quer porque asseguram a sua qualidade em seus territórios quer porque o fazem também em outros desafios, ocasionais, fora de portas.
Para si quais as escolas que mais tem evoluído em Portugal no geral de todos os quesitos?
Para referir de imediato as de mais notável evolução, por também serem mais jovens de idade, a Unidos de Mato Grosso da Figueira da Foz, Amigos da Tijuca da Mealhada e num plano de maior primor a Trepa Coqueiro de Estarreja, são as que mais se destacam. Por inovação, maior pendor criativo com menores apois financeiros tenho que referir a minha escola pois chega a fazer omoletes sem ovos, em muitas situações.
Como também é ritmista, como vê actualmente a bateria dos Sócios da Mangueira e quais as baterias que mais tem evoluído e mais admira?

A Bateria dos Sócios da Mangueira passou de um estádio de competência do Bom para o Muito Bom. Com a integração de um novo director de bateria, excelente ritmista, e conhecedor do mundo do samba, Xandinho, a Bateria SM tornou-se mais responsável, mais culta e acima de tudo mais solidária e ciente da sua auto-estima. É composta de um menor número de ritmistas mas tem um grau de criatividade e competência já bastante elevado. Do que conheço tenho que admitir que a Bateria dos Amigos da Tijuca tem feito um esforço e tem conseguido entrar no que posso chamar de 1ª Liga. Por outro lado também tenho que referir que a Trepa Coqueiro, a Vai quem Quer e, claramente, a Charanguinha, têm mostrado serem dignas do pódio.
A nível nacional que mudanças ou evoluções gostaria de ver acontecer para melhorar o nível das escolas de samba?
Há muito já se falava numa liga. Mas, e para que tal aconteça, faltam os metais adequados que não sejam opostos, resultem plenamente na criação da mesma. Em princípio, começaríamos pela ‘Liga de Bronze’, precisando de escolas que tenham objectivos semelhantes para a vida sambística, dentro e fora dos seus carnavais. Aí as actividades seriam pertença de um colectivo, de uma directoria itinerante, capaz de gerir normas, leis, regulamentos, eventos, publicidade, espectáculo, calendários de festividades, encontros, e demais decisões, financeiramente rentáveis para apoiar a existência de cada uma e de todas elas. Não sendo assim, é pelos ocasionais encontros de amizade que nos vamos conhecendo e ajudando mutuamente a melhorar o que já é da nossa sabedoria. Mantem-se como importante o respeito que as escolas devem umas às outras para poderem dizer que sim às diferentes participações para as quais é feito convite.
Que alterações e evoluções aconteceram agora com a sua presidência nos Sócios da Mangueira?
Sem falsa modéstia, e porque admito não ter, por vezes, a forma mais aceitável por todos, de lidar com as dificuldades e decisões do meu cargo, refiro que sinto com especial prazer o facto de ter ajudado a renovar as hostes Mangueirenses à volta de um certo espírito clubista associativo. A Verde e Rosa é hoje falada de forma respeitosa em qualquer lugar do país; continuamos a ser convidados para os mais diversos eventos onde pautamos pelo sentido de reponsabilidade e competência o que fazemos. É a primeira escola com um clube de fãs que seguem as nossas “BERIGUETES”. No campo da gestão financeira, com um grande esforço de todos, tenho ajudado a manter um equilíbrio orçamental adequado à nossa vivência. As direcções a que tenho presidido, mais o apoio dos orgãos sociais e demais sócios mangueirenses têm procurado fazer temporais investimentos úteis à colectividade. Resta-me ainda referir que nunca a Mangueira tem tido tanto apoio e patrocínio de várias entidades como nos meus man
datos, e isso deve-se ao crédito que a nossa instituição tem. Por fim refiro a amizade que temos com o grupo Samba Lê-Lê que tem estado com a Mangueira desde sempre o que muito salutar tem sido para nós.
Concorda com os moldes em que é realizado e disputado (quesitos e jurados que estão a concurso) o Encontro Nacional em Estarreja?
Dadas as diferenças de apoio financeiro nos diversos carnavais é óbvio que a participação das escolas nesse concurso aparenta estar sujeita a algum desfasamento. Se porventura o regulamento/quesitos, fosse semelhante ao da LIESA, e, adaptado a um dado número de participantes/alas, a análise da competência técnica e artística seria outra. Mas há que respeitar a organização, dado que lhe coube a ela ter o princípio da coisa. Concordo, no entanto, com a ideia de um jurado por escola pois me parece que há gente competente o suficiente para avaliar os mais diversos quesitos apresentados. Diria talvez que um regulamento mais exaustivo na elaboração das perguntas sobre cada quesito, de forma a anular o acaso, a tendência e até a subjectividade do votante, não seria pior ideia para tal encontro.
Quais os momentos mais felizes no samba?E os menos felizes?
Sem dúvida são os encontros que temos com as escolas, mas não posso deixar de referir que as vitórias nos concursos, me enchem de orgulho. O que de menos feliz tem acontecido é o desaparecimento do nosso convívio de amigos e activistas, boas pessoas desta instituição para as quais levantamos com honra e redobrado orgulho o nosso estandarte.
Como é a convivência entre as escolas de samba na Mealhada?
Já foi melhor em outros tempos por não se sentir nada mais que o aspecto de se ser adversário na folia.
Hoje, algumas das vezes, sinto que a solidariedade e a noção de decisão colectiva chegam a ser esquecidas em função de forças exteriores à nossa sã convivência. Pode e tem tudo para melhorar se, acima de tudo, os valores da amizade, respeito e galhardia se mantiverem dentro de níveis de honestidade que nos possam ajudar a realizar os nossos objectivos sambísticos da melhor forma. Acredito que é possível e está aberta a concorrência leal.
Para terminar que conselhos ( ou sugestões) daria aos sambistas portugueses ?
Visitem os Sócios da Mangueira.
Desde a Escola Primária que participo em actividades de carnaval a exemplo do Carnaval da Criança, que se fazia antigamente. No princípio, eu ouvia e via grupos ligados ao samba, mas só mais recentemente é que me liguei a esse mundo.
Qual o seu trajecto como sambista?
O meu trajecto no samba começou por volta de 1993 na Escola de Samba Batuque, através do meu amigo Carlos Vaz que me convidou a participar. Tocava tamborim. No ano seguinte transitei para a Escola de Samba Juventude de Paquetá, sendo também membro da bateria tocando surdo de marcação. Isto aconteceu nos anos de 94 e 95. Durante o ano de 1996 não participei mas acabei por ingressar nos Sócios da Mangueira pela mão do meu amigo e fundador da escola, João de Oliveira. Também como membro da bateria, aí participei até ao ano de 2006. Para além disso assumi cargos de gestão e hoje sou presidente da instituição.
Que significa para si ser presidente de uma escola de samba?
Ser Presidente significa, acima de tudo, honra, pois para o ser existiu e existe um grande leque de pessoas que acreditou e acredita em mim. Depois a dedicação, a disponibilidade, a responsabilidade, juntam-se ao meu orgulho de representar esta Associação Cultural, sociedade Mangueirense e o seu GSSM, Grupo de Samba Sócios da Mangueira.
Como analisa o Carnaval actual na Mealhada?
Considero que o Carnaval da Mealhada é, em Portugal, o que mais se aproxima do carnaval brasileiro, isto é, da ideia de desfile em avenida de escolas de samba. No entanto acho que não chega a ser completo na medida em que lhe faltam participações de outrora, da festividade do entrudo, com grupos de crítica, de piada, cénicos, de fantasia para se aproximar de uma festa carnavalesca mais genuína.
Foi bom para a Mealhada ter começado a haver concurso?
Sem dúvida alguma, e acima de tudo porque o concurso, com os quesitos que tem, obriga as escolas de samba a trabalharem ala por ala, por parcela, cuidando da relação para com o todo, o que é bastante exigente. Aumenta a auto-crítica abrindo caminho para a melhoria constante. Penso, no entanto, que deveria ser muito mais cuidada a organização do evento, mais criativa, ma
Como são vistas e encaradas as rivalidades existentes entre as escolas na Mealhada?
As rivalidades são normais, como em qualquer outro carnaval onde haja concurso. O que não é normal é a falta de palavra de certas pessoas que, quando reunidas com todas as escolas de samba assumem um compromisso normativo, em conjunto, mas mais tarde, devido a pressões exteriores e razões alheias ao que havia sido decidido, dão o dito por não dito. Acaba a rivalidade e passa a haver uma disputa, com base em concorrência desleal, já que tiram partido dessa nova situação. Desvirtua-se o que nos podia unir, o brilho honesto da festa do samba, onde deveríamos ser apenas adversários. As relações entre todos, fora as quesílias, são óptimas, mas durante este período, de dias, a baixeza aparece, com desculpas e justificações que não honram quem as diz.
Que alterações e melhorias desejava que acontecessem no vosso Carnaval?
A começar pelo que já referi, deveriam existir mais grupos e diversificados, uma maior valorização das escolas de samba, menos importância nos carros alegóricos (menos despesa)... Apoiar mais as escolas, permite melhorar a qualidade que se espalha ao longo do ano de forma publicitária, enquanto as viaturas duram apenas as 4 horas de corso e morrem no dia seguinte. Os subsídios também deviam ser revistos, já que penso não ser correcto atribuir os mesmos valores a cada escola, porque umas investem mais na qualidade (mais custo), enquanto outras facilitam na poupança, reflectindo menor explendor na avenida. Parece-me injusto para quem se esforça por melhorar de ano para ano. Mas isso são outros quinhentos a estudar!
Quais as maiores dificuldades sentidas pela sua escola de samba ou em geral pelas escolas da Mealhada?
No geral é a escassa verba, o problema maior de todas as escolas. O espírito associativo das escolas da Mealhada difere e muito do que vejo por exemplo em Ovar e Estarreja onde a quota individual de participação é aplicada. Se só pudessem participar associados das escolas, com pagamento de uma quota, ajudaria imenso no investimento carnavalesco. Nos Sócios da Mangueira há uma mentalidade que a meu ver pode ser mudada, mas tem que ser devagar, pois falamos de um historial de 32 anos.
Que projectos e ambições futuras para os Sócios da Mangueira?
A ambição que tenho é, precisamente, mudar essa mentalidade. A segunda é construir uma sede ou adquirí-la para poder ter a liberdade de retirar dela mais organização e mais usofruto do que na actual, que diga-se de passagem está quase perfeita para nós.
Como correu o Carnaval este ano?
Se falarmos, e mais uma vez, do aspecto organizativo do evento, especificamente, do desfile, tenho que declarar que correu mal. Aconteceram situações de incapacidade por parte de uma escola em se apresentar a tempo e horas devidamente fantasiada o que veio complicar todo o esquema pré-estabelecido. Foi mau para o público que esperou e desesperou, mau para os jurados que viram tardiamente, quase de noite o desfile das últimas escolas, dificultado a sua análise e pontuação. Acima de tudo este facto gerou uma desconfiança total em cima de quem estava a dirigir o evento. Salvaguardou-se, no entanto, a belíssima, organizada e sempre alegre participação dos Sócios da Mangueira, que acabaram por se sagrar no Concurso de 2010, apesar dos obstáculos encontrados, tri-campeões do Carnaval da Mealhada.
Como vê a evolução das escolas de samba em Portugal?
Se olhar para o que fazemos, nós sócios, e para o que vemos ser feito pelas escolas com quem temos camaradagem salutarmente competitiva, parece-me que honramos, todos nós, o samba, o samba de enredo e a própria folia carnavalesca, pagodeira. Assim sendo acho que as escolas têm evoluído razoavelmente, quer porque asseguram a sua qualidade em seus territórios quer porque o fazem também em outros desafios, ocasionais, fora de portas.
Para si quais as escolas que mais tem evoluído em Portugal no geral de todos os quesitos?
Para referir de imediato as de mais notável evolução, por também serem mais jovens de idade, a Unidos de Mato Grosso da Figueira da Foz, Amigos da Tijuca da Mealhada e num plano de maior primor a Trepa Coqueiro de Estarreja, são as que mais se destacam. Por inovação, maior pendor criativo com menores apois financeiros tenho que referir a minha escola pois chega a fazer omoletes sem ovos, em muitas situações.
Como também é ritmista, como vê actualmente a bateria dos Sócios da Mangueira e quais as baterias que mais tem evoluído e mais admira?
A Bateria dos Sócios da Mangueira passou de um estádio de competência do Bom para o Muito Bom. Com a integração de um novo director de bateria, excelente ritmista, e conhecedor do mundo do samba, Xandinho, a Bateria SM tornou-se mais responsável, mais culta e acima de tudo mais solidária e ciente da sua auto-estima. É composta de um menor número de ritmistas mas tem um grau de criatividade e competência já bastante elevado. Do que conheço tenho que admitir que a Bateria dos Amigos da Tijuca tem feito um esforço e tem conseguido entrar no que posso chamar de 1ª Liga. Por outro lado também tenho que referir que a Trepa Coqueiro, a Vai quem Quer e, claramente, a Charanguinha, têm mostrado serem dignas do pódio.
A nível nacional que mudanças ou evoluções gostaria de ver acontecer para melhorar o nível das escolas de samba?
Há muito já se falava numa liga. Mas, e para que tal aconteça, faltam os metais adequados que não sejam opostos, resultem plenamente na criação da mesma. Em princípio, começaríamos pela ‘Liga de Bronze’, precisando de escolas que tenham objectivos semelhantes para a vida sambística, dentro e fora dos seus carnavais. Aí as actividades seriam pertença de um colectivo, de uma directoria itinerante, capaz de gerir normas, leis, regulamentos, eventos, publicidade, espectáculo, calendários de festividades, encontros, e demais decisões, financeiramente rentáveis para apoiar a existência de cada uma e de todas elas. Não sendo assim, é pelos ocasionais encontros de amizade que nos vamos conhecendo e ajudando mutuamente a melhorar o que já é da nossa sabedoria. Mantem-se como importante o respeito que as escolas devem umas às outras para poderem dizer que sim às diferentes participações para as quais é feito convite.
Que alterações e evoluções aconteceram agora com a sua presidência nos Sócios da Mangueira?
Sem falsa modéstia, e porque admito não ter, por vezes, a forma mais aceitável por todos, de lidar com as dificuldades e decisões do meu cargo, refiro que sinto com especial prazer o facto de ter ajudado a renovar as hostes Mangueirenses à volta de um certo espírito clubista associativo. A Verde e Rosa é hoje falada de forma respeitosa em qualquer lugar do país; continuamos a ser convidados para os mais diversos eventos onde pautamos pelo sentido de reponsabilidade e competência o que fazemos. É a primeira escola com um clube de fãs que seguem as nossas “BERIGUETES”. No campo da gestão financeira, com um grande esforço de todos, tenho ajudado a manter um equilíbrio orçamental adequado à nossa vivência. As direcções a que tenho presidido, mais o apoio dos orgãos sociais e demais sócios mangueirenses têm procurado fazer temporais investimentos úteis à colectividade. Resta-me ainda referir que nunca a Mangueira tem tido tanto apoio e patrocínio de várias entidades como nos meus man

Concorda com os moldes em que é realizado e disputado (quesitos e jurados que estão a concurso) o Encontro Nacional em Estarreja?
Dadas as diferenças de apoio financeiro nos diversos carnavais é óbvio que a participação das escolas nesse concurso aparenta estar sujeita a algum desfasamento. Se porventura o regulamento/quesitos, fosse semelhante ao da LIESA, e, adaptado a um dado número de participantes/alas, a análise da competência técnica e artística seria outra. Mas há que respeitar a organização, dado que lhe coube a ela ter o princípio da coisa. Concordo, no entanto, com a ideia de um jurado por escola pois me parece que há gente competente o suficiente para avaliar os mais diversos quesitos apresentados. Diria talvez que um regulamento mais exaustivo na elaboração das perguntas sobre cada quesito, de forma a anular o acaso, a tendência e até a subjectividade do votante, não seria pior ideia para tal encontro.
Quais os momentos mais felizes no samba?E os menos felizes?
Sem dúvida são os encontros que temos com as escolas, mas não posso deixar de referir que as vitórias nos concursos, me enchem de orgulho. O que de menos feliz tem acontecido é o desaparecimento do nosso convívio de amigos e activistas, boas pessoas desta instituição para as quais levantamos com honra e redobrado orgulho o nosso estandarte.
Como é a convivência entre as escolas de samba na Mealhada?
Já foi melhor em outros tempos por não se sentir nada mais que o aspecto de se ser adversário na folia.
Hoje, algumas das vezes, sinto que a solidariedade e a noção de decisão colectiva chegam a ser esquecidas em função de forças exteriores à nossa sã convivência. Pode e tem tudo para melhorar se, acima de tudo, os valores da amizade, respeito e galhardia se mantiverem dentro de níveis de honestidade que nos possam ajudar a realizar os nossos objectivos sambísticos da melhor forma. Acredito que é possível e está aberta a concorrência leal.
Para terminar que conselhos ( ou sugestões) daria aos sambistas portugueses ?
Visitem os Sócios da Mangueira.
Obrigado pela colaboração companheiro . Muitas felicidades
- Aproveito para deixar o meu agradecimento pela maneira maravilhosa como fui recebido nas vezes que me desloquei a Festas na Mealhada e tudo devo á amabilidade tanto dos sambistas da Mealhada em geral como em particular também ao Presidente Juvenal Santos que foi de uma atenção e de uma hospitalidade que não tem preço.