ENTREVISTA COM O ENORME MUSICO, SAMBISTA E COMPOSITOR BRASILEIRO EDUARDO GALLOTI

Qual a sua idade e quantos anos leva de samba?
Eduardo Galloti, 48 anos, 28 de profissão

Como tudo começou?
Larguei a faculdade de biologia em 84 para tocar na noite, nos bairros de Botafogo e Lapa.

Nos descreva um pouco de sua biografia.

"Trabalhou profissionalmente como músico desde os 20 anos de idade.
Integrou, na década de 1980, os grupos de pesquisa musical "Diz Isso Cantando" e "Éramos Seis", com o qual participou da novela "Kananga do Japão".
Foi fundador de várias rodas de samba tradicionais como "Candongueiro", em Niterói; "Sobrenatural", "Severina", a do bar "Emporium" e a do "Trapiche", no Rio de Janeiro.
Integrou a Orquestra Republicana e o grupo Anjos da Lua que se apresentam semanalmente no Clube dos Democráticos, no Rio de Janeiro.
Comandou a Roda de Samba às sextas-feiras no bar Trapiche Gamboa.
Compôs vários sambas para os blocos do carnaval de rua do Rio de Janeiro, como o "Simpatia á quase Amor", "Suvaco do Cristo", "Bloco da Segunda", "Barbas", "Meu Bem Eu Volto Já", "Imprensa que Eu Gamo", entre outros. Participou, durante o período de carnaval, dos desfiles de escolas de samba como julgador de bateria. No carnaval de 2010, a marchinha de sua co-autoria e interpretação "O bispo também quer levar" foi classificada em segundo lugar, no Concurso de Marchinhas da Fundição Progresso, no Rio de Janeiro.
Dividiu o palco, tocando e cantando, com Elza Soares e Paulinho da Viola, no projeto "Roda de Bamba", realizado no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.
Em 2002 lançou, pelo selo Carioca Discos, seu primeiro CD "O Samba das Rodas". Com produção de Paulinho Albuquerque, o disco contou com repertório das rodas de samba, incluindo as faixas "Morrendo de saudade/ Não é assim" (Nei Lopes e Wilson Moreira/ Paulinho da Viola); "Cem mil réis/ Sem tostão/ O orvalho vem caindo" (Noel Rosa e Vadico/ Artur Costa e Noel Rosa / Noel Rosa e Kid Pepe), com participação de Pedro Miranda; "Cabritada mal sucedida/ O couro do falecido/ Cabrito dá bode"(Geraldo Pereira e Wilton Vanderlei/ Jorge De Castro e Monsueto/ c/ Fábio Barreto e Magrinho); "Pedro do pedregulho/ Unha de gato" (Geraldo Pereira/ Elton Medeiros); "Só pra chatear/ Tá maluca" (Príncipe Pretinho/ Germano Augusto e Wilson Batista); "Nêga Dina/ A banca do distinto" (Zé Keti/ Billy Blanco); "O que é que eu dou/ Dinheiro não há/ Se essa mulher fosse minha" (Antônio Almeida e Dorival Caymmi/ Alvarenga e Benedito Lacerda/ Geraldo Gomes e Haroldo Torres); "1296 Mulheres/ Oito mulheres" (Moreira da Silva e Zé Trindade/ José Batista), com participaçâo de Walter Alfaiate; "Tia Eulália na xiba" (Claudio Jorge e Nei Lopes), com participaçâo de Sandrinho; "Chegou a bonitona/ Pisei num despacho/ Você está sumida" (Geraldo Pereira e José Batista/ Elpídio Viana e Geraldo Pereira/ Geraldo Pereira e Jorge de Castro); "Folhas secas/ Cuidado com a outra" (Guilherme de Brito e Nelson Cavaquinho/ Augusto Thomaz Junior e Nelson Cavaquinho); "Linda Guanabara/ Quem espera sempre alcança/ Pam pam pam" (Paulo da Portela/ Hermínio Bello de Carvalho e Paulo da Portela/ Paulo da Portela); "A maioria sem nenhum" (Élton Medeiros e Mauro Duarte); "Se você jurar/ Quebrei a jura/ Nem é bom falar" (Francisco Alves, Ismael Silva e Nilton Bastos/ Haroldo Lobo e Milton de Oliveira/ Francisco Alves, Ismael Silva, Nilton Bastos).
Em 2007 realizou shows em Honduras, a convite da Embaixada do Brasil naquele país, com o patrocínio do Ministério das Relações Exteriores.
Participou do filme "Noel Rosa, o Poeta da Vila", como ator e cantor. Atuou, também, como ator e cantor, no filme curta metragem "Samba no Botequim do Seu Zé", lançado em 2009 na Casa Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.
Em 2010 participou, como músico e cantor, de diversos shows em função da divulgação do Samba, dentre eles "No princípio era a roda", realizado no Centro Cultural do Banco do Brasil-CCBB e "Panorama da Lapa", realizado no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano lançou com a Orquestra Republicana o CD "Ao vivo na Lapa", atuando como intérprete e autor de duas das músicas: "Partido do homem solteiro" e "Vovó Curandeira" (c/ Magrinho).
Em 2011 apresentou-se e foi responsável pela direção musical da série de shows "Lapa de Todos os Santos", realizado no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro.
Acompanhou artistas como Moreira da Silva, Dona Ivone Lara, Monarco, Walter Alfaiate, Nelson Sargento, Xangô da Mangueira, Beth Carvalho, entre outros."


Quais os momentos mais marcantes?
Recebi várias homenagens pelos serviços prestados à música popular brasileira, de Beth Carvalho, da Roda da Pedra do Sal, do Candongueiro, do Trapiche Gamboa...O show de lançamento do meu cd com participação de Nei Lopes, no teatro municipal de Niterói.


Quantos discos já lançou até hoje e quais os títulos?
Tenho um cd solo lançado em 2002, o nome dele é  “Samba das Rodas”. Lancei recentemente o “Ao Vivo na Lapa”, da Orquestra Republicana, onde sou o cantor e que possui músicas minhas, como “Vovó Curandeira” e “Partido do Homem Solteiro”, e no “Samba das Rodas”, de minha autoria, “O Cabrito que berra dá bode”.

Para além dos discos, que outras obras tem de sua autoria?
Compus dezenas de sambas de bloco de carnaval (Suvaco de Cristo; Barbas; De Segunda; Meu bem, Volto Já; Imprensa que eu gamo).

Como vê o atual momento do samba no Brasil?
Acho que, apesar de o samba estar em cartaz em vários espaços, com artistas vendendo bem, o samba está atravessando uma entressafra. A nova geração de 20 anos de idade não gosta de samba, quer tudo misturado, vai pela festa, pela badalação. As rodas de samba que cresceram nas gerações de 80 e 90 estão acabando, e é nelas que se aprende a gostar de samba.

Da nova vaga de sambistas, qual que você mais admira?
Da nova geração gosto muito do trabalho do Pedro Miranda e do Alfredo Del Penho, que cantaram comigo no grupo Anjos da Lua e desenvolvem um trabalho muito bom.

E dos sambistas antigos qual a sua maior referência?
Além dos antigos da velha guarda que já se foram, conheço e já toquei com praticamente todos os sambistas contemporâneos, são meus ídolos e inspiradores. Toquei com Nelson Cavaquinho, Paulinho da Viola, Nei Lopes, Wilson Moreira da Silva, Zé  Ketti, Walter Alfaiate, Monarco, Elza Soares, Nelson Sarjento, entre outros.

Quais seus projetos futuros?
Tenho projetos de reavivar as rodas de samba, tão importantes na formação de novos sambistas e de um público específico.

Foi pouco tempo que passou em Lisboa, mas com que ideia ficou de nosso interesse pelo samba e nosso entusiasmo? Imaginava que seria assim ou diferente?
Gostei muito porque vi que em Lisboa as pessoas são interessadas, gostam de poesia e prestam atenção nas letras, Fiquei surpreso com o movimento das escolas de samba, principalmente em Sesimbra. Acho importante investir mais nas rodas. Historicamente, os terreiros sempre foram importantes junto com os sambas de carnaval, tanto aqui no Brasil quanto aí em Portugal. Temos que divulgar mais as rodas de samba.

Pretende voltar com mais tempo?
Sim, adorei Portugal e gostaria de voltar sempre, pelo menos uma vez por ano.

Dê algumas palavras, alguns conselhos para quem pretende ser sambista.
Aconselho sempre os sambistas a irem onde tem rodas de samba e botequim. Os grandes formadores de histórias e repertórios.

CONFIRA ALGUNS VIDEOS :
CONFIRA TAMBÉM UMA NOITE DE SAMBA NA PASSAGEM DE EDUARDO GALLOTI POR PORTUGAL
EDUARDO GALLOTI EM PORTUGAL